A espionagem da rede de computadores da Petrobras por parte da
Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA), se confirmada,
teve "interesses econômicos e estratégicos", segundo afirmou a
presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira, em nota oficial. Não
haveria razão de segurança ou combate ao terrorismo, de acordo com o
texto distribuído pelo Palácio do Planalto.
Na nota, a presidente lembra que o governo — inclusive a presidência
da República — já foi alvo de denúncias sobre monitoramento da agência
americana e ressalta que a Petrobras "não representa ameaça à segurança
de qualquer país", mas "um dos maiores ativos de petróleo do mundo".
Para Dilma, essas "tentativas de violação e espionagem de dados e
informações são incompatíveis com a convivência democrática entre países
amigo
s, sendo manifestamente ilegítimas".
A presidente diz, ainda, que o Brasil " está empenhado em obter
esclarecimentos do governo norte-americano sobre todas as violações
eventualmente praticadas, bem como em exigir medidas concretas que
afastem em definitivo a possibilidade de espionagem ofensiva aos
direitos humanos, a nossa soberania e aos nossos interesses econômicos".
A Petrobras também emitiu uma nota com esclarecimentos sobre sua rede
de computadores. Segundo a companhia, seus sistemas são "altamente
qualificados e permanentemente atualizados para a proteção de sua Rede
Interna de Computadores (RIC)". A Petrobras diz que os ataques de
concorrentes são cada vez mais complexos, o que exige investimentos
permanentes e significativos em tecnologia de proteção a dados e
informações.
Reportagem veiculada pelo Fantástico no domingo mostra documentos
vazados pelo ex-consultor de informática Edward Snowden indicando que a
rede privada de computadores da Petrobras foi monitorada pela NSA. A
reportagem mostra uma apresentação ultrassecreta, feita pela agência de
segurança em maio do ano passado, para treinar novos agentes no passo a
passo para acessar e espionar redes internas de empresas, governos e
instituições financeiras. De acordo com a reportagem, não é possível
saber a extensão do monitoramento, nem se conteúdos da estatal foram
acessados.
Nota oficial
Mais uma vez, vieram a público informações de que estamos sendo alvo
de mais uma tentativa de violação de nossas comunicações e de nossos
dados pela Agência Nacional de Segurança dos EUA. Inicialmente, as
denúncias disseram respeito ao governo, às embaixadas e aos cidadãos -
inclusive a essa Presidência. Agora, o alvo das tentativas, segundo as
denúncias, é a Petrobras, maior empresa brasileira. Sem dúvida, a
Petrobras não representa ameaça à segurança de qualquer país.
Representa, sim, um dos maiores ativos de petróleo do mundo e um
patrimônio do povo brasileiro.
Assim, se confirmados os fatos veiculados pela imprensa, fica
evidenciado que o motivo das tentativas de violação e de espionagem não é
a segurança ou o combate ao terrorismo, mas interesses econômicos e
estratégicos. Por isso, o governo brasileiro está empenhado em obter
esclarecimentos do governo norte-americano sobre todas as violações
eventualmente praticadas, bem como em exigir medidas concretas que
afastem em definitivo a possibilidade de espionagem ofensiva aos
direitos humanos, a nossa soberania e aos nossos interesses econômicos.
Tais tentativas de violação e espionagem de dados e informações são
incompatíveis com a convivência democrática entre países amigos, sendo
manifestamente ilegítimas. De nossa parte, tomaremos todas as medidas
para proteger o país, o governo e suas empresas.
Fonte: Zero hora